Depressão
Por Ana Lúcia Pereira
15/02/2007

Quotidianamente usamos a palavra depressão para definir a tristeza normal, que todos nós já experimentamos em momento difíceis de nossas vidas.

Essa utilização generalizada tem contribuído para a banalização dessa palavra, pois apesar de tratar-se de um dos distúrbios psiquiátricos que mais atingem pessoas no mundo, poucos sabem da gravidade e do grande sofrimento que a depressão causa ao portador.

A pessoa deprimida fica melancólica, angustiada e desanimada, sente falta de energia, tristeza profunda, tédio e apatia. Em conseqüência do desconhecimento e da dificuldade de terceiros compreenderem o sofrimento que esta doença causa, é comum a demora do diagnóstico, o que acaba por atrasar o inicio do tratamento, pois o portador da depressão geralmente não sabe como, onde ou com quem procurar auxílio. Diante do exposto consideramos de suma importância a divulgação de informações a respeito dos sintomas da depressão, pois existe tratamento e não há necessidade dos portadores de depressão tolerarem tamanha dor e sofrimento em silêncio.

Com o que não deve ser confundida

A depressão não é "frescura", fraqueza, preguiça ou loucura e como qualquer doença não surge por culpa ou desejo do portador. Também não é uma tristeza comum e por isso, embora força de vontade ajude, não é suficiente para a melhora do paciente. Essa não escolhe momento, raça ou condição sócio-econômica.

Sintomas

A pessoa deprimida tende a perder o interesse por atividades que no passado lhe eram prazerosas, ficar mal-humorada e irritadiça. Outros sintomas comuns são:
Ansiedade;
Desânimo e cansaço mental;
Dificuldade de concentração e esquecimento;
Tendência ao isolamento tanto social quanto familiar;
Apatia, desinteresse, falta de motivação, sentimento de medo, insegurança, desespero e vazio;
Pessimismo, idéias de culpa, baixa auto-estima;
Crença de que falta sentido à sua vida, considerando-se inútil ou fracassada;
Idéias suicidas;
Manifestações psicossomáticas comuns como cefaléia, sintomas gastrintestinais, dores pelo corpo e pressão no peito;
Alteração do apetite;
Redução da libido;
Alteração do sono (aumento ou diminuição).

Os sintomas tendem a se agravar quando:

(a) o paciente não tem um diagnóstico, pois a luta contra um inimigo desconhecido rouba a pouca energia que lhe resta, deixando-o ainda mais desanimado, impaciente e desesperançado.

(b) as pessoas próximas desconhecem o quadro clínico do paciente, classificando a situação como "frescura" e tratando o paciente com preconceito. Esse procedimento pode diminuir ainda mais a auto-estima do indivíduo, que acrescenta a sua já numerosa lista de preocupações pessimistas o sentimento de incompreensão, já que, melhor do que ninguém sabe que seus sentimentos diferem de qualquer tristeza anteriormente sentida.

(c) a pessoa com depressão percebe não estar bem, mas não aceita o diagnóstico e conseqüentemente o tratamento.

Tratamento

Os resultados mais rápidos e eficazes contra a depressão tem sido observados quando o psicólogo trabalha em parceria com o psiquiatra, o que possibilita a combinação de psicoterapia com medicamentos antidepressivos. Por isso, visando o melhor benefício do paciente, o trabalho multidisciplinar é aconselhável, incluindo também familiares e amigos do paciente. Os profissionais envolvidos no tratamento devem informar os familiares e amigos de que apoio e compreensão são fundamentais para a recuperação do indivíduo deprimido. A família pode contribuir com o sucesso do tratamento incentivando o paciente a aderir e dar continuidade ao tratamento, acompanhando-a nas consultas quando necessário, se conscientizando e procurando conscientizar o parente deprimido de que os resultados podem demorar algum tempo, mas serão positivos.

o Você possui recorrentes pensamentos de morte ou suicídio? Informe imediatamente seu médico, terapeuta, um amigo ou familiar.

o Se identificou com um ou mais dos sintomas relatados? Procure um especialista o quanto antes. Lembre-se: Depressão tem tratamento.

o Acha que um familiar ou amigo apresenta um ou mais dos sintomas descritos? Entenda que a depressão é uma doença e ninguém fica doente por escolha própria. Seu carinho, apoio e compreensão ajudarão mais que críticas ou "broncas". Procure incentivar a pessoa a procurar um profissional, que poderá fazer um diagnóstico e se confirmar a hipótese oferecer tratamento adequado.

Ana Lúcia Pereira é Psicóloga Clínica, professora Universitária e Consultora Organizacional. Email: alp@analuciapsicologa.com - http://www.analuciapsicologa.com