O Uso da Criatividade no Processo de Negociação
			Por Maria Inês Felippe
			21/09/2007
			
			Qualquer cenário de negociação é um local de tensão e pressão, por 
			mais que possamos estar acostumados a negociar e ocorrem dos dois 
			lados. Somos competitivos, pois desde criança fomos formados para 
			ser o primeiro, termos a melhor nota, e há aqueles que foram criados 
			com o lema: “ para ganhar é preciso fazer o outro perder”, para 
			viver é preciso matar, “viver é trabalhar um leão por dia”.
			Fomos criados na ambigüidade, tais como: cooperação - competição, 
			verdade- mentira, curto - longo prazo, preto – branco, para ganhar é 
			preciso que alguém perca.
			Negociar faz parte da nossa vida, desde os povos primitivos. Viver é 
			negociar.
			Negociar é um processo de alcançar objetivo (s) através de acordo em 
			situações que ocorrem pensamentos divergentes e convergentes. O que 
			importa é levar ao segundo pensamento.
			Exercício de pensamento divergente e convergente, como também 
			aplicação de Técnicas Criativas de Problemas poderá facilitar no ato 
			da negociação criativa, já que negociar é resolver problemas, 
			administrar conflitos, etc.
			A criatividade no processo de negociação favorece a flexibilidade, 
			melhor aproveitamento da diversidade e a conciliação de situações 
			opostas, encarando e conduzindo a negociação a favor de ambas as 
			partes.
			Pensar no processo ganha- ganha diria que é uma inverdade, sempre 
			envolve dinheiro, interesses, status. O que podemos pensar é no 
			processo de conciliação entre situações que muitas vezes colidem, e 
			buscarmos um denominador comum, onde o processo de perda e ganho 
			seja mais equilibrado e a criatividade possa favorecer o surgimento 
			de uma terceira opção, ou resposta, e que esteja de acordo entre 
			ambas as partes.
			Hoje, para obter sucesso é necessário, além do conhecimento técnico, 
			a habilidade para solucionar problemas, relacionamento, lidar com a 
			diversidade o que implica na utilização da capacidade criativa, 
			sendo pró - ativo e quebrando paradigmas.
			A pessoa pró - ativa e criativa possui uma postura sempre firme em 
			relação aos diversos problemas que enfrenta, não só no mundo 
			corporativo, como também na sua vida particular. Ela não quer fazer 
			parte do problema, mas sim da solução, não quer ser mais uma no meio 
			de 2 mil e sim busca seu diferencial, move-se ao longo do tempo, ou 
			seja, pensa sobre o que acontecerá com o seu trabalho daqui a um 
			certo tempo.
			A destruição mental de tudo que já existe é condição primordial para 
			iniciar o processo criativo. Grande parte do nosso pensamento é 
			reativo: respondemos à uma necessidade, resolvemos problemas, 
			superamos dificuldades, destinamos pouco tempo para a pró-atividade.
			Podemos observar que os argumentos dos negociadores são basicamente 
			os mesmo, tais como: temos qualidade, preço, distribuição, tradição, 
			etc. O uso da criatividade poderá favorecer numa mesa de negociação 
			pelo o argumento do negociador fugindo do convencional , garantindo 
			de maneira firme e convincente a validade do que está sendo tratado.
			Vivemos num contexto muito agitado e por vezes robotizado . A pausa 
			criativa poderá ser a mola propulsora para o hábito pró-ativo, a 
			ociosidade poderá facilitar a geração de idéias, embora 
			recentemente, durante um programa de treinamento, um participante 
			alegou ser mais criativo em momentos sob pressão, relatando 
			situações vivenciadas numa mesa de negociação, trazendo idéias 
			criativas e produtivas.
			Negociadores criativos são flexíveis, sempre estão abertos e criam a 
			novas alternativas, muitas vezes melhor do que as propostas iniciais 
			na negociação, mesmo porque já colocou-se no lugar do oponente, 
			aumentando o nível de argumentação.
			A criatividade favorece enxergar o que todos enxergam, mas 
			visualizando coisas diferentes , transformando riscos em 
			oportunidades, identificando algo a mais do que o cotidiano, 
			favorecendo contornar objeções ,agindo pro- ativamente.
			Negociar não se aprende lendo e sim fazendo.Para a criatividade não 
			existe erros e sim ensaios. A aprendizagem através dos erros e 
			acertos é fundamental tanto para a criação quanto para negociação.
			Nos programas de treinamentos Criatividade em Negociação, praticamos 
			jogos e simulações tendo como referencial a prática do 
			desenvolvimento do pensamento divergente e convergente, assim como 
			exercícios de Analogia Inusual, favorecem estabelecer conexões com 
			situações que, no primeiro momento, parecem antagônicas, assim como, 
			praticamos as etapas de Solução Criativa de Problemas. Estas 
			estratégias favorecem abrir a mente dos participantes e a quebra de 
			modelos mentais.
			O ponto de partida inicia-se nas fases de negociação já conhecida 
			por todos.
			
			Vou apresentá-la de maneira sistematizada, embora na prática as 
			fases ocorrem em conjunto.
			
			1- fase – Informações
			O ponto de partida é buscar informação do produto, mercado, local, 
			sinais do mercado, clientes potenciais, conhecer as necessidades, 
			identificar e provocar oportunidades, e não somente considerar o que 
			há para ser vendido como também o que os clientes necessitam. É 
			preciso saber as fraquezas e os aspectos fortes do negociador, do 
			oponente as e da sua pessoa, reconhece as objeções. Colocar o chapéu 
			do oponente passa a ser fundamental.
			
			2. fase- Criação
			Nesta etapa muitas vezes o caos está instalado e as grandes 
			desordens mentais são construtivas, pois neste momento poderá 
			ocorrer a criação tendo como referencial a fase 1. Fantasma do 
			passado não consegue resolver os problemas atuais. Fazer as coisas 
			da mesma maneira, nem sempre garante resultados diferentes. A falta 
			da imaginação é e em grande parte responsável pelos conflitos, onde 
			as partes se recusam a imaginar o que o outro faria, pensariam ou 
			podem sentir.
			Praticar o pensamento divergente, convergente, estabelecer analogias 
			para aumentar o argumento, poderá ser uma estratégia favorável, 
			nesta etapa.
			Tenha uma idéia, e depois, pense: se não tivesse essa qual outra 
			teria, vá buscando mais de uma resposta para cada pergunta. Pense: o 
			que poderá ser substituído, qual a equivalência e assim por diante, 
			sempre gerando várias respostas. Isso é inovar, é utilizar da 
			criatividade tornando-o competitivo.
			
			3 fase- decisão- conciliação
			A figura do Consultor de Negócio passa a ser colocada em pratica em 
			conjunto com o oponente. A escolha a decisão poderá favorecer o 
			surgimento de uma terceira opção através do escutar o oponente, 
			embora somente escutar não garanta a resolução da negociação, 
			somente resolve quando os interesses são opostos, campo este fértil 
			para o negociador criativo.
			
			4- fase - implementação
			As pessoas agem como se desconhecessem as diferenças, normalmente 
			não praticam o que dizem. Todo o processo acima foi por água abaixo. 
			Surge novamente a necessidade de ser criativo negociando com 
			fornecedores e comprador através de estratégias persuasiva. A 
			criatividade no processo de negociação envolve o ato de escutar, 
			criar, conciliar, decidir e finalmente administrar, tendo como 
			referencial a visão dos dois lados. O desenvolvimento da percepção 
			do negociador, favorece a visão geral e específica do cenário de 
			negociação, assim como facilita a intuição, analogias e 
			argumentação. Cada vez mais a importância de pensar diferente, gerar 
			idéias, enxergar oportunidades. Num mundo cheio de estímulo isso 
			passa a ser fundamental para a sobrevivência das pessoas e das 
			organizações. Ser versátil no mundo das negociações favorecem o 
			pensamento criativo e mudar rapidamente enquanto é possível, 
			identificando o momento de parar ou de continuar.
			Estimular o músculo da criatividade é fundamental. Mas só exercitar 
			não adianta é necessário agir. Considerando uma economia 
			globalizada, aumenta a necessidade de pensar criativamente e agir 
			estrategicamente.
			
			“No mundo dos negócios e na vida em cada problema, ocorrem 
			oportunidades para serem desvendadas.”
			
			
			Maria Inês Felippe: Palestrante, Psicóloga, Especialista em Adm. de 
			Recursos Humanos e Mestre em Desenvolvimento do Potencial Criativo 
			pela Universidade de Educação de Santiago de Compostela - Espanha. 
			Palestrante e consultora em Recursos Humanos, Desenvolvimento 
			Gerencial e de equipes, Avaliação de Potencial e competências. 
			Treinamentos de Criatividade e Inovação nos Negócios. Palestrante em 
			Congressos Nacionais e Internacionais de Criatividade e Inovação e 
			Comportamento Humano nas empresas. Vice Presidente de Criatividade e 
			Inovação da APARH.