Traumas e Transtornos (Trauma Psicológico e o Transtorno de Estresse
Pós-Traumático – TEPT)
Por Sirley Bittú
15/04/2009
Trauma Psicológico e o Transtorno de Estresse Pós-Traumático – TEPT
O ser humano é extremamente complexo e possui saídas múltiplas para
todas as situações que vivencia. Quando estamos em perigo todo nosso
corpo reage em busca da sobrevivência. Trata-se de uma resposta
adaptativa, conhecida como luta e fuga, diante de uma situação de
estresse. É uma reação instintiva.
No TEPT esta resposta, primeiramente natural, tornou-se patológica.
O organismo continua reagindo a uma situação passada como se esta
situação estivesse presente. Isto acontece porque o sintoma está
conectado à memória do trauma. Algumas vezes, o trauma é conhecido e
a memória consciente; em outras, o trauma aconteceu num período
muito primário da vida, tendo sido registrado apenas como sensações,
sentimentos e percepções.
É importante deixar claro que guardamos na memória muito mais do que
fatos (o que realmente aconteceu), guardamos também significados (o
que entendemos ter acontecido) e justificativas (porque aquilo
aconteceu). Isto significa que nossa memória possui o viés de nossa
maturidade emocional, e de nossa capacidade para compreender,
elaborar e lidar com as situações a que somos submetidos.
Quando um trauma se estabelece, a lembrança do ocorrido fica
intacta, guardada em nossos registros de memória, muitas vezes por
anos, evocando as mesmas reações e sensações negativas que surgiram
quando a experiência traumática foi vivenciada. Da mesma forma, o
entendimento e a elaboração do acontecido também continuam
congelados, mantendo em sua base crenças distorcidas sobre si mesmo.
Por medo, culpa e vergonha muitas vítimas de abusos e as mais
variadas formas de violência, se mantêm caladas, em silêncio, sem
pedir ajuda, por acreditar que de alguma forma foram responsáveis
por aquela violência. Muitas vezes as vítimas compartilham da crença
que um trauma jamais será esquecido, que aquela experiência
desintegradora jamais será atenuada. Desenvolvem assim depressões,
transtornos ansiosos, Síndrome do pânico, fobias e outros. Tornam-se
vítimas, também, de seu silêncio.
Dentre as formas de trabalhar com traumas, o EMDR é clinicamente
reconhecido como uma das formas mais eficientes e rápidas de
tratamento, porque trabalha diretamente com a memória congelada e
guardada de forma disfuncional. Através da ativação dos hemisférios
cerebrais, conseguida pelos movimentos bilaterais, é possível ajudar
o cérebro a reprocessar e elaborar aquela informação e torná-la
parte de sua história e não a sua história.
Com o auxílio do EMDR, o cérebro tem condições de ativar seu
potencial de cura. Da mesma forma que nosso corpo tem recursos para
curar nossas feridas físicas, temos também a capacidade de curar
nossas feridas emocionais, mas para tanto precisamos de ajuda. O
EMDR é uma ferramenta muito utilizada e que tem ajudado muita gente
a aliviar o sofrimento causado por experiências traumáticas.
Desenvolvido na década de 80, pela psicóloga americana Dra. Francine
Shapiro, foi utilizado inicialmente para tratar sobreviventes de
guerra e hoje é utilizado no mundo todo para tratar questões
emocionais de vários níveis.
A American Psychiatric Association recomenda o EMDR como um dos
principais métodos da atualidade para o tratamento de situações
traumáticas.
Psicodramatista Didata Supervisora
Terapeuta em EMDR pelo EMDR Institute/EUA
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Email: sirley.regina@terra.com.br