Resumida Explanação sobre a Síndrome do Pânico
Por Dr. Wagner Paulon
20/11/2009
A Síndrome do Pânico ou Transtorno do Pânico é um distúrbio da
ansiedade. Conquanto sua descrição e definição tivessem sido feitas
há muitos anos, a vinda de um tratamento eficaz é recente e seus
resultados são prometedores, o que tem suscitado maior difusão da
doença pelas mídias.
O Transtorno do Pânico é uma doença de base orgânica, com
manifestações físicas e psicológicas. Pode apresenta-se com ou sem
agorafobia. O significado de Agorafobia é o medo de lugares abertos
ou fechados, situações que têm em comum, o fato da saída da pessoa
destes locais ser impossível ou difícil, como filas,
congestionamentos, elevadores, cinemas, teatros, casas de
espetáculos e muitos outros.
No quadro do Transtorno do Pânico ocorre, uma alteração de algumas
das substâncias químicas que participam da transmissão dos impulsos
entre as células nervosas (neurônios). As sensações físicas e
psicológicas dos pacientes são muito semelhantes às que ocorrem em
crises de ansiedade e medo já discutidos: taquicardia, falta de ar,
tontura, sensação de perda do controle, desejo acentuado de fugir da
situação, sentimento de morte iminente e outras.
Os sintomas acima descritos aparecem de forma repentina e
imprevista, sem qualquer possibilidade de controle por parte do
paciente e sem razão aparente de ser (ausência de um estímulo
avivador), fazendo com que freqüentemente o paciente perca a
confiança em seu corpo, em sua saúde e por fim em si mesmo.
Exemplo de um Transtorno do Pânico:
Uma determinada pessoa viajando em seu carro para o interior teve
sua primeira crise de pânico com sintomas de vertigem, vista turva e
descontrole motor. Seguiu-se dificuldade para respirar, tremores,
taquicardia, sensação de pressão no peito e de morte iminente.
Era-lhe impossível parar no meio da estrada e seu medo aumentou. Os
sintomas físicos cederam após meia hora e restou muito cansaço, mas
chegou a seu destino. Depois desse incidente ela ficou com medo de
sentir "isso" de novo, que veio tão subitamente, ou seja, sem motivo
aparente. Decidiu não dirigir mais em estrada porque poderia passar
mal novamente; aliás, pensou que era melhor não viajar mais porque
poderia passar mal na estrada, onde não há socorro. Teve crises em
outros lugares que também passou a evitar, como cabeleireiro e
supermercado. Sua qualidade de vida piorou muito desde que não podia
mais confiar em sua saúde física e dependia de sua mãe para ir a
qualquer lugar. A mãe poderia cuidar dela caso passasse mal.
A modificação orgânica, o medo gerado pela repetição dessas crises
inesperadas, o desencadeamento da ansiedade antes que o fato ocorra
(ansiedade antecipatória), a descrença na própria capacidade e o
desconhecimento das causas dessas alterações se unem na Síndrome do
Pânico. Como principais comportamentos decorrentes do Pânico,
podemos citar a esquiva (fuga) de situações nas quais o paciente já
tenha sentido os sintomas e a dependência de outros para realizarem
atividades diárias. Essa dependência decorre da dificuldade sentida
pela pessoa em ficar sozinha nesses momentos; não crê que possa
cuidar de si mesma no momento da crise. As situações podem ser as
mais variadas, desde ficar em casa a qualquer hora por medo de
passar mal ou sair à rua, ir ao supermercado, fazer visitas e
outras.
Em sua maioria as sensações acima descritas podem provocar no
paciente sentimento de vergonha e impotência, que reforçam sua
dificuldade de acreditar em sua capacidade de cuidar de si mesmo e
preservar sua integridade física e mental. Cria-se assim, um círculo
vicioso, difícil de ser interrompido sem que se aceite determinadas
providências pormenorizadas.
Dr. Wagner Paulon - Formação em psicanálise (Escola Paulista),
mestre em psicopatologia (Escola Paulista), psicologia (Saint
Meinrad College) USA, pedagogia (FEC ABC), MBA (University Abet)
USA, curso de especialização em entorpecentes (USP), psicanalista
por muitos anos de vários hospitais de São Paulo.