Perdas Necessárias e como lidar com elas
			Por Rogerio Martins
			01/04/2008
			
			Quem nunca perdeu na vida? Viver significa correr riscos. Riscos 
			levam a perdas e ganhos. Não há quem somente vença, tampouco quem 
			seja eterno perdedor.
			
			Perder muitas vezes dói, machuca, incomoda, frustra. Perder um 
			parente, um emprego, uma oportunidade, um amor, uma chance de ser 
			feliz. Tudo isso representa um momento na vida de cada pessoa de 
			grande sofrimento. Há quem não suporte. Porém, a maioria das pessoas 
			consegue dar a volta por cima. E isso dá força para continuar 
			arriscando, continuar vivendo.
			
			Mas diante de tudo isso, vejo que há perdas necessárias. Aquelas com 
			as quais somos confrontados diariamente e que algumas vezes não 
			entendemos os "porquês". Certamente há uma razão. Talvez a principal 
			seja de desacomodar. De fazer com que as pessoas saiam do comum, do 
			ócio, da preguiça, do comodismo.
			
			Para ilustrar conto a história de Carla, profissional competente e 
			assídua. Trabalhava numa empresa de brinquedos há mais de seis anos. 
			Tinha uma função administrativa, como tantas outras pessoas daquela 
			organização. Não se destacava mais porque era tímida. Nas poucas 
			vezes que teve a oportunidade de mostrar-se, ficou acanhada e outra 
			pessoa pegou o seu lugar. Mas, como Carla dizia: "tudo bem!"
			
			Há algum tempo a empresa estava passando por dificuldades. Começaram 
			os boatos de demissões. Carla não se abalou, pois sabia de sua 
			"importância" para a organização. Já corriam listas piratas com os 
			nomes dos possíveis degolados. E Carla continuava impávida em seu 
			frágil pedestal de boa moça.
			
			Eis que veio o grande corte. Para surpresa de Carla, ela estava no 
			meio dos 30% de demitidos da empresa. Choque, decepção, 
			inconformismo, raiva, depressão, vontade de chorar, de bater em 
			todos, de brigar com o ex-chefe... enfim, tudo isso veio misturado 
			com um gosto amargo de perda. Mas Carla, como era de esperar não fez 
			nada, simplesmente se conformou e pensou: "comigo nada dá certo, sou 
			uma perdedora mesmo".
			
			Os primeiros dias de desempregada não foram fáceis, afinal Carla 
			tinha se acostumado aquela rotina e agora não sabia direito o que 
			fazer. Durante algumas semanas ficou desnorteada. Até que num 
			momento de lucidez, procurou a orientação de um profissional.
			
			Através de um trabalho de revisão de sua carreira e um estruturado 
			plano de metas pessoais e profissionais, Carla pôde, enfim, entender 
			o que havia se passado e o que realmente queria para seu futuro.
			
			Depois disso, nossa protagonista reformulou seu currículo, sua forma 
			de pensar e agir, claro que não foi da noite para o dia, e ingressou 
			em nova empresa onde teve uma carreira de sucesso e uma vida mais 
			feliz.
			Em resumo, a história de Carla é para provocar uma reflexão sobre a 
			importância que certas perdas tem em nossas vidas. Quando 
			acreditamos que simplesmente perdemos algo ou alguém, não estamos 
			tendo a percepção mais ampla do que precisamos aprender com aquilo. 
			A perda por si só não existe. Ela é uma resposta a algo maior. E 
			pode ter certeza que na maioria das vezes é fruto de nossas ações, 
			ou da falta delas.
			
			Por isso, sentir-se vítima ou derrotado é um papel extremamente 
			cômodo. Quando alguém diz: "não tive oportunidades na vida", é 
			mentira.
			
			Lembre-se, a vida é feita de riscos. Todo risco leva a perdas e 
			ganhos. Quem não arrisca não perde e nem ganha. Não têm 
			oportunidades porque não as criou. Elas não caem no colo de ninguém. 
			As oportunidades são geradas por meio de nossos atos.
			
			Aqueles que incessantemente buscam oportunidades estão correndo os 
			riscos de não conseguirem alcança-las. Pelo menos tiveram a coragem 
			de serem os autores de suas próprias vidas. Isso já é o suficiente 
			para se sentirem vencedores.
			
			Se você quer o emprego dos seus sonhos, ou uma vida melhor, é 
			preciso correr riscos. É preciso ter coragem de tentar. Há 50% de 
			chance de dar certo ou errado. Agora, se você não fizer, como poderá 
			saber?
			
			As perdas necessárias são importantes para que possamos amadurecer 
			nossa capacidade de superação. Procure aprender com suas perdas. 
			Reflita profundamente sobre cada uma delas e busque os motivos para 
			que elas tenham ocorrido. Tente enxergar além da perda em si. 
			Analise o que você ganha ou ganhou com elas. Sim, para muitas perdas 
			há ganhos.
			
			Talvez no início seja mais difícil, pois os sentimentos de 
			frustração e derrota podem confundir. Por isso pratique escrevendo 
			em um caderno os significados de cada situação de perda. Com o tempo 
			você conseguirá analisar, entender e aprender com suas perdas. 
			Sucesso.
			
			
			
			Rogerio Martins é Psicólogo, Consultor de Empresas e Palestrante. 
			Especialista em Liderança e Motivação. Sócio-Diretor da Persona 
			Consultoria & Eventos. Autor do livro "Reflexões do Mundo 
			Corporativo". Membro do Rotary Club de SP Santana (Distrito 4.430).
			Contato: artigos@personaconsultoria.com.br / 
			www.personaconsultoria.com.br