Head Hunting : Um Check List Para a Sua Prática
			Por Eduardo T. S. Alencar
			25/06/2009
			
			
			A prática de Head Hunting pode ser singelamente definida como a 
			prestação de serviços de Recrutamento e Seleção destinados a 
			identificação, atração e avaliação de profissionais especializados e 
			/ ou executivos para postos estratégicos, independente de sua área 
			de atuação, estando eles já empregados ou não. Nesta modalidade, a 
			procura e seleção de pessoas para posições - chave passa a ter 
			dimensões específicas e estratégicas, devendo ser muito bem 
			planejada para que sejam alcançados os objetivos pré – definidos 
			pelo contratante.
			
			Sua forte e marcante característica é reconhecida pela conduta 
			específica de rastreamento na busca de talentos no mercado de 
			trabalho, considerando em seu arcabouço, técnicas (do direito, da 
			psicologia, da administração) para localização de profissionais que 
			já estão em sua grande maioria, recolocados no concorrente do 
			contratante.
			
			Pode-se dizer, que ousadia, o planejamento, a criatividade e o 
			sigilo são as principais características comportamentais do 
			psicólogo que atua com Head – Hunting. A área de RH conhece estes 
			profissionais pelo termo “Caçadores de Cabeça”, devido a sua conduta 
			em recrutamento e seleção envolver rotinas bem específicas como: A) 
			Identificar, conhecer e refletir sobre o mercado de trabalho e mão – 
			de – obra de uma determinada área; B) Construir, lapidar e acumular 
			técnicas de negociação, persuasão, investigação, rastreamento, 
			monitoramento e recrutamento de candidatos (mesmo os candidatos já 
			recolocados / trabalhando); C) Utilização de ferramentas de testagem 
			psicológicas específicas em vista de que o tempo para avaliar 
			profissionais recolocados é diferente do tempo que detém um 
			candidato que está disponível no mercado de trabalho e assim por 
			diante.
			
			O sigilo do Head Hunting se refere não apenas às empresas 
			concorrentes de seu contratante, mas também a integridade do seu 
			candidato. Alguns administradores defendem que a prática dos Head 
			Hunting está associada a espionagem industrial, alguns psicólogos 
			defendem que esta prática esbarraria na ética de nossa categoria 
			pelo fato de ser conivente com uma situação socialmente indesejável, 
			enfim, a discussão ética não será o objetivo deste artigo e sim a 
			promoção e organização de um check list para quem atua com esta 
			modalidade de recrutar e selecionar profissionais.
			
			1.1 – Quem é meu contratante?
			
			Sua história empresarial, suas marcas, seus produtos e serviços, 
			seus valores, aspectos de sua cultura e clima organizacional, 
			localização, filiais, organogramas, hierarquia, seus Stakeholders, 
			seu Benchmarking, seu turn over, seu absenteísmo, etc. Toda 
			informação sobre o contratante gera não apenas maior assertividade 
			ao hunting, mas também passa maior credibilidade ao candidato a ser 
			recrutado.
			
			1.2 – Qual é o perfil profissiográfico da vaga a ser trabalhada?
			
			Temos a descrição do cargo, o plano de competências, o plano de 
			carreira, o pacote de benefícios, as condições de trabalho, bem como 
			jornada mensal, forma de contratação (CLT, PJ, etc), salário, as 
			atividades a serem executadas, a missão do cargo, a quem ele se 
			reporta, como é a equipe (quantidade, cargos, metas) que ele será 
			responsável, outros.
			
			1.3 – Quem são os concorrentes do meu contratante?
			
			Sua história empresarial, suas marcas, seus produtos e serviços, 
			seus valores, aspectos de sua cultura e clima organizacional, 
			localização, filiais, organogramas, hierarquia, seus Stakeholders, 
			seu Benchmarking, seu turn over, seu absenteísmo, enfim, idem ao 
			item 1.1, porém agora, mapeando o concorrente.
			
			1.4 – Como o cargo em aberto é chamado no concorrente?
			
			Consegui os números de telefones, pessoas, cargos e informações 
			relevantes dentro dos concorrentes do meu cliente para ser assertivo 
			na abordagem dos candidatos em potencial, etc.
			
			1.5 – E-mail alternativo e celular restrito
			
			Eu tenho e-mail alternativo que não identifique a minha empresa ou o 
			meu cliente, temos um celular que identifique chamadas e restrinja o 
			nosso número, quais ferramentas tecnológicas eu estou usando para 
			trabalhar a questão do sigilo, etc.
			
			1.6 – Registros e relatórios
			
			Eu tenho anotado as informações resultados de minhas ações ou tudo 
			tem ficado na minha cabeça ou na esfera informal de bate papos e 
			e-mails, coleta de dados quantitativos, qualitativos, orçamentários, 
			etc. Vejo muitos exemplos de desenhos representando mapeamento de 
			empresas, apresentações de power point em reuniões, banco para 
			organização de currículos e planilhas de excele na tabulação de 
			dados numéricos.
			
			1.7 – Eu estou preparado para conduzir as entrevistas?
			
			O profissional que atua com recrutamento e seleção em modalidade de 
			head hunting tem a mesma preocupação que um coaching no sentido de 
			equiparar ou desenvolver seu próprio repertório antes de interagir 
			com o ser humano que será foco de suas intervenções. Entrevistar um 
			candidata a vaga de vice – presidente executivo de recursos humanos 
			da América latina é por exemplo, uma realidade totalmente diferente 
			de entrevistar um diretor de produção para empresa nacional, embora 
			ambos sejam cargos importantes e distantes ainda da realidade dos 
			demais níveis: analistas, coordenadores, gerentes, etc. O nível que 
			será exigido do selecionador hunting em termos de bagagem cultural, 
			ferramentas de testagem, conhecimentos gerais, maturidade, 
			vestimentas, preocupações, cuidados metodológicos e afins é cada vez 
			mais alto de acordo com o cargo que ele vai encontrar.
			
			1.8 – Políticas de trabalho
			
			Eu vou até um local neutro entrevistar o candidato, ele vem até a 
			agência, quais são os custos que estão embutidos na taxa de 
			prestação de serviços, o que abrir e em que momento abrir aos 
			candidatos em termos de informações do contratante e vice versa, o 
			que abrir do candidato ao contratante, como é o briefem, o dead 
			line, etc.
			
			1.9 – Técnicas e repertório comportamental do Hunting
			
			Como está minha criatividade, quais são as técnicas de rastreamento, 
			estou acomodado e uso somente internet, o que mais pode ser usado, o 
			que eu entendo sobre conduta ética, quais são os meus limites nesta 
			modalidade profissional, etc.
			
			2.0 – Exemplo de um dia de hunting
			
			Fragmento do site: 
			http://www.redepsi.com.br/portal/modules/soapbox/article.php?articleID=230 
			(“Head Hunting: Quando as práticas organizacionais esbarram na ética 
			e no comportamento dos psicólogos?”)
			
			“Ao receber o perfil da vaga (Diretor de Produção para o segmento 
			automobilístico) e do candidato (Competências A,B,C,D....) da 
			empresa XXX S/A (Cliente), o Consultor Head Hunting inicia o seu 
			trabalho:”
			
			- Identifica os concorrentes da XXX S/A, levantando telefones, 
			histórico institucional no site destas empresas, internet, matérias 
			de jornal que relatem resultados da empresa (Onde geralmente o 
			entrevistado é um Diretor ou gerente para dar início a coleta de 
			dados;
			
			- A primeira concorrente é a Indústria VVV S/A. O Consultor adquiriu 
			o telefone no site (que geralmente já tem o departamento) e entra em 
			contato: “Boa tarde, com quem eu falo? Por favor, você poderia me 
			transferir para telefonista ou departamento de produção? É Jorge da 
			LL Fornecedores de borracha”. É aqui a primeira entrada do Hunting 
			na Organização alheia. A cada contato, o nosso consultor vai 
			mapeando os telefones, nomes, cargos, departamentos, quem atende em 
			cada ramal, omitindo a sua função, pois o Sigilo é sua prioridade, 
			ninguém pode saber que uma empresa de RH está sondando os 
			candidatos, pois seria muito desagradável: “Sabe o que é...é que eu 
			trabalho na agência KKK e to entrando em contato para oferecer uma 
			vaga para o Diretor de vocês....”. O Consultor de RH sabe que deve 
			proteger a integridade do candidato, pois se ele não for aprovado, 
			deve dar continuidade ao seu emprego.
			
			- O Atendente do CAC (Central de Atendimento ao Cliente) que atendeu 
			nosso consultor passa para o departamento de produção. Quem atende 
			lá é um Analista de Planejamento e Controle de Produção. Nosso 
			Consultor muda a abordagem: “Olá com quem eu falo? É que eu estou 
			aguardando o Diretor de vocês, como é o nome dele mesmo...é 
			oooo....”. O Analista que nada sabe, pensa que está lhe dando com 
			uma ligação comum e entrega de bandeja o nome: “Haaa você está 
			aguardando o Sr. Luis Diretor da Fábrica?”...nosso Hunting: “Isso 
			mesmo, você poderia me passar para ele e também o ramal direto, caso 
			a ligação caia?”.
			
			- Chegando finalmente ao ramal do primeiro Diretor de Produção da 
			primeira concorrente da XXX S/A, o Hunting, tendo certeza de que 
			está falando com ele se apresenta: “Sr. Luis, posso ter alguns 
			minutos da sua atenção? Meu nome é XXX (algumas vezes fictício), eu 
			trabalho em uma empresa de RH e identificamos o seu currículo no 
			mercado, para uma oportunidade de trabalho.... eu posso lhe falar da 
			vaga e você me diz se há interesse em pleiteá-la....tudo bem?”. É 
			aqui que o nosso Consultor vai ter acesso a quantos funcionários ele 
			dirige, vai obter informações sobre salário e benefícios, etc.
			
			- E assim vai agendando entrevistas com os candidatos. Se as 
			empresas concorrentes estiverem oferecendo melhores condições de 
			trabalho do que a XXX S/A, o Hunting, emite um relatório para 
			justificar as dificuldades em atração de pessoal....sugerindo a 
			empresa que se ela quiser o melhor candidato, terá que manipular 
			algumas políticas de RH.
			
			
			Eduardo Alencar é Consultor de RH de empresa líder na 
			comercialização de artigos esportivos em toda América Latina, 
			colunista de portais de psicologia e administração de empresas, 
			membro associado da ABPMC (Associação Brasileira de Psicoterapia e 
			Medicina Comportamental) desde 2004, possui formação técnica em 
			administração de empresas, graduação em psicologia pela UNINOVE/SP, 
			Pós graduação em Terapia Cognitiva e Comportamental pela USP, 
			Extensão universitária em Organizational Behavior Management e em 
			Acompanhamento Terapêutico pelo Núcleo Paradigma de Analise do 
			Comportamento/SP, Especialização em Grafologia pelo Instituto Paulo 
			Sérgio Camargo e cursa MBA em Gestão Empresarial pela UNIP/SP.