Fator Quim - Inteligência e Gerência
Por Maria Rita Gramigna
18/09/2007
Nos últimos anos, as exigências de mercado para a função gerencial,
indicam novas competências e indicadores de desempenho, antes
desconsiderados.
Neste artigo, vamos tratar o tema gerência e inteligência, sob a
ótica da criatividade.
Você já se fez estas perguntas?
O que é inteligência? Quais os tipos de inteligência reconhecidos no
meio científico e empresarial? Que aspectos da inteligência são
valorizados em nossa cultura?
O ser humano é o único animal que tem habilidade para inventar e
criar.
Os outros seguem instintos e padrões, repetindo o comportamento de
suas espécies.
Tal capacidade permite ao homem ser o construtor de seu próprio
destino.
Vivemos hoje em uma era repleta de contrastes: enquanto a tecnologia
está cada vez mais avançada, disponibilizando facilidades em nossa
vida, a crise nos sistemas político, social e econômico se fazem
presentes.
O contexto em que está situado nosso mercado, reforça a idéia do
gerente como um ser inteligente, que saiba lidar com paradoxos,
adapte-se às diversas mudanças do ambiente, com competência para
inovar, criar e gerar resultados.
As expressões gerência e inteligência caminham lado a lado.
O que é ser inteligente?
Aurélio Buarque de Holanda, descreve inteligência como a capacidade
de aprender, apreender ou compreender; inclui percepção, apreensão,
intelecto, intelectualidade, capacidade de adaptar-se facilmente,
agudeza, perspicácia, destreza mental, habilidade”.
Se compararmos o conceito de inteligência de Aurélio às exigências
do novo perfil gerencial perceberemos uma convergência, quando ambos
destacam um rol de atitudes e habilidades humanas.
De que valem os ensinamentos e o conhecimento adquiridos na educação
formal ou em cursos específicos, se os mesmos não vêm agregados a um
perfil comportamental adequado?
Gerente inteligente, hoje, é aquele que possui um conjunto
competências disponibilizadas de forma assertiva, o que o faz se
destacar em contextos variados.
Que formas de inteligência o gerente precisa desenvolver?
De acordo com Howard Gardner a inteligência humana apresenta-se sob
sete formas.
Distribuídas entre diversas atividades e profissões, as
inteligências se intercalam, se misturam, se complementam e, quando
reunidas, fortalecem aqueles que as possuem.
O quadro a seguir, demonstra a influência de cada uma das sete
inteligências na ação gerencial.
AS SETE INTELIGÊNCIAS
INFLUÊNCIA NA ÁREA GERENCIAL
1. Inteligência lingüística: dom de poetas, escritores e oradores,
que fazem uso corrente e fluido da linguagem.
No dia a dia, o gerente necessita comunicar-se de todas as formas
possíveis. Dominando a inteligência lingüística agirá com maior
desenvoltura nos papéis informacionais (porta-voz, monitor e
disseminador ) *
2. Inteligência lógico-matemática: presente nos cientistas,
matemáticos e pesquisadores, que usam o racional como elemento
norteador de suas ações.
O gerente que possui este tipo de inteligência, apresenta habilidade
no desenvolvimento de estratégias, na avaliação planos, na análise
imparcial de dados e fatos significativos para o negócio, o que
influencia sobremaneira na qualidade de sua tomada de decisões.
3. Inteligência musical: habilidade daqueles que são atraídos pelo
mundo dos sons. Com a música, obtém ritmos, sons e melodias que
fazem a estória da arte.
Respeitar ritmos (dos outros e próprios), perceber os diversos tons
das pessoas, tornar o ambiente harmonioso e motivador são elementos
essenciais na função gerencial. Qualidade de vida no trabalho é uma
bandeira asteada nos novos tempos.
4. Inteligência espacial: observada nos profissionais que apreciam o
visual - geralmente pintores, escultores, pilotos de aeronaves, asa
delta, etc.
“Ocupar espaços de forma assertiva” e “deixar espaços para o
crescimento da equipe de colaboradores”. Eis um alerta àqueles que
querem se engajar no perfil gerencial das empresas de vanguarda.
Pilotar um time, esculpir um projeto, apreciar os resultados estão
na ordem do dia.
5. Inteligência sinestésica: domínio corporal e do movimento,
presente em atores, dançarinos e desportistas.
Deslocar-se, movimentar-se no vários contextos empresariais,
conhecer as diversas realidades, disponibilizar competências e
colaborar para o “gol”. Atitudes que ajudam o gerente a “tocar” na
sensibilidade e motivação das pessoas.
6. Inteligência interpessoal: habilidade de entender e tratar outras
pessoas com sensibilidade. Capacidade de influir no comportamento do
outro. Presente nos profissionais de vendas, mestres e terapeutas.
Uma das competências mais exigidas na atualidade. Hoje é considerado
um bom gerente aquele que consegue formar times, fortalecer equipes
e desenvolver talentos. De vendedor, mestre e terapeuta, todo
gerente deve ter um pouco (mas não é necessário ser louco!).
7. Inteligência intrapessoal: capacidade de auto-conhecimento.
Consciência do próprio potencial, debilidades, temores e sonhos. Tal
inteligência exige auto disciplina e perseverança.
O auto conhecimento conduz ao desenvolvimento pessoal. Todas as
outras inteligências são influenciadas pela intrapessoal.
Conhecer-se, olhar para si, descobrir-se faz parte da caminhada de
todos os líderes de sucesso.
* Nomeclatura que define os papéis ligados à comunicação gerencial.
Que aspectos da inteligência humana são valorizados em nossa
cultura?
Nossa educação privilegiou e privilegia a inteligência
lógico-matemática e a lingüística, deixando em segundo plano as
restantes.
Em uma sociedade essencialmente cartesiana, a predominância do
racional sobre o emocional e intuitivo é evidente.
Paradoxalmente, as portas estão se abrindo para aqueles que dominam
aquelas inteligências menos estimuladas.
Talvez por este motivo tenho convivido com gerentes que, depois
algum tempo de experiência no cargo, fazem das atividades
alternativas seu lazer regular.
Tornou-se comum encontrar executivos jogando tênis nos fins de
semana, participando de corais ou grupos musicais, praticando
esportes radicais (ou não), enfrentando montanhas em um desafiante
trail, organizando festas e bazares em seus bairros, produzindo
obras de arte em argila, pintando telas (as vezes meio
surrealistas). Intuitivamente ou intencionalmente estes gerentes
colherão os frutos de suas iniciativas, ampliando seu QUIM -
Quociente de Inteligências múltiplas.
Hora de inovar e ousar no resgate do QUIM!
Maria Rita Gramigna é Mestre em Criatividade Total Aplicada pela
Universidade de Santiago de Compostela (Espanha). Graduada em
Pedagogia pela Universidade Federal de Minas Gerais e pós-graduada
em Administração de Recursos Humanos pela UNA – União de Negócios e
Administração (MG). Atua no Mapeamento de Competências, contatos
estratégicos com clientes, capacitação gerencial e treinamento da
equipe de consultores da MRG Consultoria e Treinamento Empresarial.