Ética...Por Onde Caminha?
			Por Rogerio Martins
			01/04/2008
			
			Recentemente vivi uma situação inesperada e indigesta: um de meus 
			artigos foi clonado!
			
			Tenho o hábito de navegar pela Internet para adquirir informações 
			para os artigos que escrevo, bem como pesquisar como está a 
			divulgação dos mesmos. Certo dia, pesquisando em um site de 
			conceituada empresa de consultoria, vejo que um de meus artigos foi 
			indevidamente “copiado” e “colado”. É isso mesmo: o “autor” 
			simplesmente apropriou-se de um texto meu e o divulgou com seu nome 
			e informações pessoais. O único trabalho que teve foi de alterar o 
			título, que acredito deve ter sido muito difícil para ele elaborar.
			
			Este fato me fez pensar sobre um dos temas que mais tenho recebido 
			solicitações das empresas nos últimos meses: Ética Profissional.
			
			O que está acontecendo nas organizações? Será que as pessoas vêm 
			perdendo a noção sobre o que é moral e ético? No mundo moderno onde 
			as relações humanas estão cada vez mais fragilizadas é comum vermos 
			pessoas apropriando-se do que não é seu. Muitas vezes sem perceber 
			que o que estão fazendo é crime.
			
			Para facilitar a discussão deste tema vou utilizar a definição de 
			Robert H. Srour sobre ética e moral, apresentada no livro Ética 
			Empresarial. “Moral é um conjunto de valores e de regras de 
			comportamento, um código de conduta que coletividades adotam, quer 
			sejam uma nação, uma categoria social, uma comunidade religiosa ou 
			uma organização. Enquanto ética diz respeito à disciplina teórica, 
			ao estudo sistemático, a moral corresponde às representações 
			imaginárias que dizem aos agentes sociais o que se espera deles, 
			quais comportamentos são bem-vindos e quais não”.
			
			A internet abriu um espaço novo para as relações profissional e 
			pessoal, mas o mau uso deste ambiente reacende a discussão dos 
			limites entre a ética e a divulgação desenfreada de serviços e 
			produtos e da apropriação indébita de material para uso escolar, 
			particular e profissional.
			
			Os casos são os mais variados possíveis: envio e recebimento de 
			e-mails particulares na conta da empresa; chefe que apresenta um 
			trabalho desenvolvido por seu subordinado como seu; profissional que 
			se apropria de uma apresentação realizada por um consultor e a 
			utiliza para se divulgar internamente; funcionário que passa horas 
			navegando em sites que nada tem a ver com seu trabalho; uso de 
			equipamento de trabalho para pesquisa de vagas em outras empresas.
			
			É importante que o funcionário saiba diferenciar o que é particular 
			e o que é profissional. Algumas empresas inclusive já adotam sistema 
			de punição e demissão para pessoas que usam indevidamente os 
			recursos disponíveis. Certa vez conheci um rapaz que atuava na área 
			de recrutamento e seleção de uma grande empresa e estava prestes a 
			se casar. Como era uma pessoa de poucos recursos financeiros e 
			detinha o poder de contratar as empresas que forneceriam serviços de 
			terceirização, passou a receber alguns “presentinhos” para seu 
			casamento das empresas interessadas. A empresa descobriu e o 
			demitiu.
			
			No âmbito acadêmico é travada uma árdua luta com os estudantes para 
			que eles deixem de lado o comodismo e facilidade de subtrair textos 
			e artigos para incorporar em seus trabalhos escolares sem os devidos 
			créditos. Há casos de colegas professores que simplesmente 
			identificaram seu próprio texto em monografia apresentada pelos 
			alunos que orientava, sem que eles se dessem conta do autor.
			
			Vivemos uma crise de ética em nosso país. O correto passou a ser 
			ridículo. A pessoa que procura manter uma postura ética é tratada 
			como chata. Cobrar seus direitos tornou-se uma tortura diária. E 
			assim vamos vivendo “felizes” com a famosa Lei de Gerson: para tudo 
			se dá um jeitinho, mesmo que isso ultrapasse a ética e a moral 
			vigentes.
			
			Há várias formas de revertermos esse quadro surrealista, mas todas 
			elas passam por uma mudança de comportamento de cada indivíduo. 
			Perceber a si mesmo e rever seus atos é um bom começo. Agir como uma 
			velha frase nos ensina é outro passo importante: faça aos outros o 
			que gostaria que fizessem com você. A atitude correta, assertiva, 
			garante que cada pessoa possa tratar o outro de forma humana, 
			íntegra, ética. Depende de cada um. Pensar antes de agir que um 
			pequeno ato poderá interferir em um contexto maior é uma forma de 
			contribuir para a preservação da moral.
			
			Para concluir transcrevo uma frase do Presidente da Cable News 
			Network, Tom Johnson: “Faça o que é correto. Se você não está 
			seguro, pergunte a si mesmo o seguinte: ‘Como estas ações seriam 
			vistas se publicadas na primeira página do jornal que os meus pais 
			lêem?'. Você não precisa mentir ou trapacear para ser bem-sucedido 
			na vida(...) .”
			
			
			
			Rogerio Martins é Psicólogo, Consultor de Empresas e Palestrante. 
			Especialista em Liderança e Motivação. Sócio-Diretor da Persona 
			Consultoria & Eventos. Autor do livro "Reflexões do Mundo 
			Corporativo". Membro do Rotary Club de SP Santana (Distrito 4.430).
			Contato: artigos@personaconsultoria.com.br / 
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