Depressão - Tratamentos, Medicação e outras técnicas
Por Jorge Antônio Monteiro de Lima
06/09/2010

O que você diz sobre o emprego de muitos medicamentos para um paciente em depressão? E o eletrochoque?

Com os avanços existentes tanto das técnicas psicoterapias, quanto da própria farmacoterapia a utilização de muitos medicamentos ou o emprego de técnicas incisivas como o ECT são extremamente desnecessárias e obsoletas.

O ECT só pode ser empregado segundo A Associação Brasileira de Psiquiatria em casos de depressão catatônica grave em que o paciente não responda a nenhum outro tipo de tratamento. Este tipo de paciente é aquele que fica entrevado, não come, não se hieginisa está absolutamente apático. Infelizmente alguns profissionais aplicam a esmo tal técnica que acho extremamente agressiva, afeta a memória em alguns casos irreversivelmente.

Ela só pode ser usada como ultimo recurso. Ela é extremamente lucrativa para alguns profissionais que só visam lucro, custando cada aplicação entre 2500 e 3000 reais (em 2004). Em Goiás é aplicada sem fiscalização alguma quase que como regra. E o mais interessante é que a resposta do paciente para nós não é satisfatória. Em via de regra a depressão volta acentuada de forma repentina no prazo de 6 meses a 1 ano e meio potencializada e repentina, aumentando o risco de suicídio. Os planos de saúde sabendo da irregularidade do procedimento não o custeiam e o paciente tem de pagar via particular. Isto sem falar das contra- indicações que são os chamados "derrames" ou AVC que aumentam na proporção de 20 ou 30% nos submetidos ao ECT.

No caso da medicação em geral o ideal é que o paciente tome o anti depressivo, se em crise de ansiedade um ansiolíticos, e se em distúrbio do sono apenas um sonífero. Os remédios estão muito avançados para exigirem altas dosagens ou o emprego de drogas associadas em grande volume. Geralmente os pacientes que estão tomando mais de 4 ou 5 tipos de medicação nos apontam para erros diagnósticos e de tratamento. Eles não melhoram e estão apenas sendo dopados por falta de habilidade do profissional.

Como o senhor avalia o uso do ECT - Eletroconvulsoterapia no tratamento de doentes mentais?

Gosto do critério utilizado pela Associação Brasileira de psiquiatria, por sua coerência. Eles são claros na indicação do ECT: "indicações: nas depressões graves resistentes aos outros tratamentos(farmacoterapia, psicoterapia, terapia ocupacional,...) e que põem em risco a vida do deprimido, e nos quadros catatônios agudos ( uma psicose onde o paciente fica bloqueado nos seus movimentos, não fala, não alimenta, não ingere líquidos e resiste a qualquer tipo de ajuda), onde o paciente pode vir a falecer, se não for prontamente tratado pelo E.C.T."

Só acho que ele é um método agressivo que tem seus efeitos colaterais e que não pode nem deve ser utilizado como em Goiânia em que sua aplicação é indistinta em certas clínicas. É necessária uma boa avaliação antes de empregar tal método e só em último caso, após tentar de tudo o utilizar.

6) E as tais cirurgias no cérebro, tão propaladas inclusive por psiquiatras goianos, dão mesmo resultado?

Por meia dúzia de psiquiatras você quer dizer.

Se for para a depressão acho um absurdo. Se existem tais resultados tão positivos deveríamos indicar tais profissionais ao prêmio Nobel de medicina por descobertas tão brilhantes. Por que em nenhuma outra parte do mundo se fala disto? Comparo este processo ao extrair dentes do Tiradentes em que amarrávamos o paciente e arrancávamos o dente com boticão. O Bicho de sete cabeças está aqui a solta!

E qual resultado conquistado? UM fraldão geriátrico eterno no paciente? Qual custo de tal metodologia? 15 ou 20 mil reais para o bolso de tal profissional? Tudo particular? Por que os planos de saúde não custeiam tal cirurgia? Devemos questionar mais tais procedimentos e exigir um posicionamento mais claro dos conselhos regional e federal de medicina frente a tamanha inovação. Qual universidade no mundo desenvolve tais pesquisas com êxito?

Ao contrário a maior fonte de pesquisas que tenho consultado erradicaram métodos mais agressivos por os julgarem obsoletos e desnecessários. Mostre me um estudo da Escola Paulista de Medicina ou da UNICAMP sobre tais avanços.

Já ouvi falar que tal cirurgia visa retirar o paciente de uma agressividade patológica o que questiono pelo próprio avanço da farmacoterapia e das técnicas de terapia ocupacional. Enquanto houver falta de ética e a mercantilização na área da saúde transformando seres humanos em cobaias veremos esta triste realidade propagada.


O MEDICAMENTO É SEMPRE FUNDAMENTAL NO TRATAMENTO da depressão e do pânico?

Isto depende da intensidade da patologia e de seus sintomas. Nós do G.A.D. temos justamente por isto um leque maior de possibilidades, nos casos mais agudos utilizamos a alopatia(tratamento convencional), nos quadros mais leves a fitoterapia e homeopatia ou acupuntura, tudo depende do caso em questão.

COMO AGEM OS ANTIDEPRESSIVOS?

Não sou psiquiatra nem o melhor nesta área. Eles agem inibindo a receptação da ceratonina isto a grosso modo. Agora existem mais de 500 tipos de medicação cada um a sua moda e estilo.

Tenho uma irmã de 33 anos que sofre de depressão.
Ela já está em tratamento tomando medicamentos e não melhora. O que fazer?

Tipos de medicação:

- anti depressivos;
- ansiolíticos ou estabilizadores de humor; soníferos;

O emprego de medicamentos varia de acordo com cada paciente. Geralmente pelo fato da medicação agir no sistema nervoso, isto faz com que os tratamentos tornem se altamente subjetivos necessitando do acompanhamento médico a cada 21 dias no mínimo. A dinâmica da patologia é altamente subjetiva cheia de altos e baixos. Muitas vezes certo tipo de princípio ativo de uma determinada substancia não interage bem com determinado tipo de indivíduo. Cada um responde a sua maneira a determinado tipo de medicação e dosagem. O mesmo princípio ativo que é muito bem assimilado por determinado indivíduo, em outro tem ação contrária ou inóqua. Geralmente um tratamento inicia se com várias mudanças de princípios ativos e dosagens até a adaptação satisfatória de um paciente. Por isto o acompanhamento deve ser intenso pelo médico. O paciente deve participar ativamente desta observação e quando isto não é possível o familiar responsável deverá agir observando e exigindo respostas de tal emprego.

Quando acertada a medicação e as dosagens a remissão dos sintomas tem seu início em 15 dias o que também pode variar de acordo com cada paciente, alguns em menor tempo outros com maior. Quadros mais crônicos, pacientes com maior tempo de patologia, tendem a responder mais lentamente ao tratamento.

Tratamentos com acupuntura, homeopatia e ou fitoterapia devem ser aplicados em casos mais brandos ou iniciais da patologia. Podem também ser agregados em paralelo aos tratamentos da alopatia com excelentes resultados. Em casos agudos e crises intensas deve se usar prioritariamente a medicação alopática.

Jorge Antônio Monteiro de Lima é pesquisador em saúde mental, Psicólogo e musico Consultor de Recursos Humanos Consultoria para projetos de acessibilidade para pessoas com necessidades especiais email: contato@olhosalma.com.br - site:www.olhosalma.com.br